segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carro de canudo (2)

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O tradicional carro de canudo, usado no trabalho do campo e, eventualmente, no transporte de pessoas, está ilustrado neste painel de azulejos, na Fonte da Abertura. Só é pena o estado de conservação em que se encontra.

Carro de canudo

Era em carros semelhantes a este que os campomaiorenses se deslocavam à Feira de Elvas.

domingo, 20 de julho de 2008

Feira de São Mateus

Existiu sempre uma grande rivalidade entre a população de Elvas e a de Campo Maior. Apesar disso, o povo de Campo Maior deslocava-se em carroças, devidamente engalanadas, puxadas por mulas, até ao Santuário do Senhor Jesus da Piedade, por ocasião da Feira de Elvas.
Nos terrenos adjacentes faziam grandes bailes cantando as «Saias».
Algumas das quadras eram dedicadas ao Senhor da Piedade, enquanto outras manifestavam a rivalidade existente entre as populações das duas localidades.

Na feira do São Mateus
Muita coisa lá se faz
Uns arranjam rapariga
Outras ficam sem rapaz

O Senhor da Piedade
Tem vinte e quatro janelas
Quem me dera ser pombinha
Para poisar numa delas

Já Elvas se está queixando
Que não tem moças formosas
Chega-se a Campo Maior
Até as silvas dão rosas

Ao Senhor da Piedade
P'ró ano hei-de lá ir
Pouco lhe vou levar
Muito lhe vou pedir

terça-feira, 8 de julho de 2008

Beatriz da Silva Realidade e Lenda

No ano de 1424 na vila de Campo Maior, diocese de Elvas, nasceu Beatriz da Silva, filha dos senhores D. Rui Gomes da Silva e de D. Isabel de Menezes.
Por linha paterna era neta de Aires Gomes da Silva, primeiro alcaide-mor desta vila e por linha materna, neta de D. Pedro de Menezes, conde de Viana e primeiro capitão de Ceuta.Beatriz, era a segunda dos onze filhos deste casal profundamente religioso e dos quais recebeu uma sólida formação e devido à qual ela resistiu a tantas provações .
Na trágica manhã de 16 de Setembro de 1732 o palácio em que vivia assim como grande parte das casas desta vila, ficaram totalmente destruídas, devido à explosão do paiol do castelo, provocada por um raio
Anos mais tarde, e por ocasião do casamento de D. João II de Castela com a infanta D. Isabel de Portugal, esta escolheu Beatriz para uma das suas damas, sendo ela a sua predilecta e melhor amiga.
Foi desta maneira que Beatriz trocou o seu lar calmo e recatado, por uma corte onde se vivia uma vida de luxo desmedido ao qual não estava habituada.
E assim começou o seu sofrimento.Beatriz entrou na corte de Castela no esplendor da sua juventude e extraordinária beleza a qual aliada à sua rara discrição e realçada pela nobreza do seu nome, levou vários admiradores a pretender a sua mão e aos quais ela nunca correspondeu, o que provocou neles a inveja e os ciumes.Sentimentos estes que os levaram a difamar Beatriz aos olhos da rainha, insinuando que o próprio rei se interessava por ela.Tanto bastou para que a rainha perdesse toda a confiança na sua dama e enlouquecida pelos ciumes, certa noite ordenou-lhe que a seguisse, conduzindo-a a um local isolado do palácio e encerrou Beatriz num cofre lavrado para o efeito.Ali ficou Beatriz encerrada e mergulhada em trevas.Três dias passados, começou-se a estranhar a ausência de Beatriz, mas receando a ira da rainha, ninguém ousava perguntar por ela, até que D. João de Menezes tio de Beatriz o fez.
À pergunta, D. Isabel apenas disse «que viesse ver»e levou-o ao local onde a deixou encerrada, julgando encontrá-la morta.A rainha pasmou quando ao abrir o cofre a viu aparecer viva e ainda mais bela do que nunca e assombrada com o inesperado e temendo por haver procedido tão mal com quem tinha Deus do seu lado, deu-lhe licença de liberdade e autorizou-a a entrar no convento de S. Domingos em Toledo. Diz a lenda, que enquanto esteve encerrada no cofre, rezou com tanto fervor à Mãe do Céu que de súbito a sua prisão se iluminou e Nossa Senhora lhe apareceu com o Menino nos braços.Vestia de branco, tendo por cima um manto azul e ali lhe revelou a missão para que Deus a destinara.Deveria fundar uma ordem religiosa em honra do Coração Imaculado e as suas filhas deveriam usar um hábito igual ao que ela vestia.
Beatriz da Silva deu finalmente entrada no convento de S. Domingos em Toledo, onde depois de alguns contratempos a que foi sujeita, conseguiu , com a ajuda da rainha Isabel a Católica mandar construir o primeiro convento da Ordem das Concepcionistas.A sua morte deu-se entre 1490 e 1491, dez dias após a publicação da bula de InocêncioVIII com a aprovação da Ordem.