terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Janela com flores de papel

Janela enfeitada na Rua Direita da Comissão,no ano 2008

AS RUAS DA MINHA TERRA


JÁ ELVAS SE ESTÁ QUEIXANDO
QUE NÃO TÊM MOÇAS FORMOSAS
VENHAM A CAMPO MAIOR
QUE ATÉ AS SILVAS DÃO ROSAS

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Castelo

O castelo de Campo Maior, visto do jardim do Palácio Visconde de Olivã. Parecendo um castelo medieval, foi, na realidade, reconstruído no século XVIII. Em 1732, a torre de menagem que albergava o paiol das munições, foi atingida por um raio, seguiu-se uma grande explosão que destruiu a maior parte do castelo medieval e grande parte da vila.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

As Festas de 1894

"Campo Maior (...) transfigura-se transformando as suas ruas, largos, ruelas e praças em outros tantos jardins, onde vegetam arbustos de espécies diferentes, árvores a que não faltam os frutos mais variados, flores de diversas cores, que com os seus perfumes embalsamam o ambiente. E tudo isto feito em poucos dias, sem que se obedecesse a um plano previamente determinado. Cada qual encarrega-se de aformosear a testada da sua casa e, para esse fim, ninguém se poupa a trabalho. Os vasos com flores próprias da estação, os arbustos mais bonitos, as bandeirolas e galhardetes mais vistosos, os centenares de balões venezianos pendentes dos cordões de buxo que caprichosamente se cruzam de um a outro lado das ruas, os alterosos mastros empenachados de flâmulas de vivas cores, os nichos e oratórios, os repuxos de água, tudo enfim contribui para que Campo Maior ofereça aos olhos dos visitantes um quadro de surpreendente beleza, que encanta e que satisfaz por completo ainda os mais exigentes."
.
Diário d'Elvas, Ano II, nº 357, 3ª feira, 4 de Setembro de 1894, p. 1 e 2.
in GALEGO, Francisco Pereira (204). Campo Maior. As Festas do Povo, das origens à actualidade. Lisboa: Livros Horizonte, p. 50.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carro de canudo (2)

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O tradicional carro de canudo, usado no trabalho do campo e, eventualmente, no transporte de pessoas, está ilustrado neste painel de azulejos, na Fonte da Abertura. Só é pena o estado de conservação em que se encontra.

Carro de canudo

Era em carros semelhantes a este que os campomaiorenses se deslocavam à Feira de Elvas.

domingo, 20 de julho de 2008

Feira de São Mateus

Existiu sempre uma grande rivalidade entre a população de Elvas e a de Campo Maior. Apesar disso, o povo de Campo Maior deslocava-se em carroças, devidamente engalanadas, puxadas por mulas, até ao Santuário do Senhor Jesus da Piedade, por ocasião da Feira de Elvas.
Nos terrenos adjacentes faziam grandes bailes cantando as «Saias».
Algumas das quadras eram dedicadas ao Senhor da Piedade, enquanto outras manifestavam a rivalidade existente entre as populações das duas localidades.

Na feira do São Mateus
Muita coisa lá se faz
Uns arranjam rapariga
Outras ficam sem rapaz

O Senhor da Piedade
Tem vinte e quatro janelas
Quem me dera ser pombinha
Para poisar numa delas

Já Elvas se está queixando
Que não tem moças formosas
Chega-se a Campo Maior
Até as silvas dão rosas

Ao Senhor da Piedade
P'ró ano hei-de lá ir
Pouco lhe vou levar
Muito lhe vou pedir

terça-feira, 8 de julho de 2008

Beatriz da Silva Realidade e Lenda

No ano de 1424 na vila de Campo Maior, diocese de Elvas, nasceu Beatriz da Silva, filha dos senhores D. Rui Gomes da Silva e de D. Isabel de Menezes.
Por linha paterna era neta de Aires Gomes da Silva, primeiro alcaide-mor desta vila e por linha materna, neta de D. Pedro de Menezes, conde de Viana e primeiro capitão de Ceuta.Beatriz, era a segunda dos onze filhos deste casal profundamente religioso e dos quais recebeu uma sólida formação e devido à qual ela resistiu a tantas provações .
Na trágica manhã de 16 de Setembro de 1732 o palácio em que vivia assim como grande parte das casas desta vila, ficaram totalmente destruídas, devido à explosão do paiol do castelo, provocada por um raio
Anos mais tarde, e por ocasião do casamento de D. João II de Castela com a infanta D. Isabel de Portugal, esta escolheu Beatriz para uma das suas damas, sendo ela a sua predilecta e melhor amiga.
Foi desta maneira que Beatriz trocou o seu lar calmo e recatado, por uma corte onde se vivia uma vida de luxo desmedido ao qual não estava habituada.
E assim começou o seu sofrimento.Beatriz entrou na corte de Castela no esplendor da sua juventude e extraordinária beleza a qual aliada à sua rara discrição e realçada pela nobreza do seu nome, levou vários admiradores a pretender a sua mão e aos quais ela nunca correspondeu, o que provocou neles a inveja e os ciumes.Sentimentos estes que os levaram a difamar Beatriz aos olhos da rainha, insinuando que o próprio rei se interessava por ela.Tanto bastou para que a rainha perdesse toda a confiança na sua dama e enlouquecida pelos ciumes, certa noite ordenou-lhe que a seguisse, conduzindo-a a um local isolado do palácio e encerrou Beatriz num cofre lavrado para o efeito.Ali ficou Beatriz encerrada e mergulhada em trevas.Três dias passados, começou-se a estranhar a ausência de Beatriz, mas receando a ira da rainha, ninguém ousava perguntar por ela, até que D. João de Menezes tio de Beatriz o fez.
À pergunta, D. Isabel apenas disse «que viesse ver»e levou-o ao local onde a deixou encerrada, julgando encontrá-la morta.A rainha pasmou quando ao abrir o cofre a viu aparecer viva e ainda mais bela do que nunca e assombrada com o inesperado e temendo por haver procedido tão mal com quem tinha Deus do seu lado, deu-lhe licença de liberdade e autorizou-a a entrar no convento de S. Domingos em Toledo. Diz a lenda, que enquanto esteve encerrada no cofre, rezou com tanto fervor à Mãe do Céu que de súbito a sua prisão se iluminou e Nossa Senhora lhe apareceu com o Menino nos braços.Vestia de branco, tendo por cima um manto azul e ali lhe revelou a missão para que Deus a destinara.Deveria fundar uma ordem religiosa em honra do Coração Imaculado e as suas filhas deveriam usar um hábito igual ao que ela vestia.
Beatriz da Silva deu finalmente entrada no convento de S. Domingos em Toledo, onde depois de alguns contratempos a que foi sujeita, conseguiu , com a ajuda da rainha Isabel a Católica mandar construir o primeiro convento da Ordem das Concepcionistas.A sua morte deu-se entre 1490 e 1491, dez dias após a publicação da bula de InocêncioVIII com a aprovação da Ordem.

domingo, 22 de junho de 2008

Festas do Povo

A Praça da República nas Festas do Povo de 2000.

Pregões


Devido à inexistência dos meios de comunicação que hoje usufruímos, havia em Campo Maior como em tantas outras terras do País, os chamados «pregoeiros», homens dotados de certa musicalidade natural, que palmilhavam a povoação, apregoando desde a venda de produtos, passando pelo anúncio de espectáculos e festividades, e até determinações emanadas do poder local, usando para tal vocabulário e musicalidade diferentes de pregoeiro para pregoeiro, o que emprestava um cunho pessoal aos pregões.


«Pregões de Campo Maior»

«Alvilhana» torradinha
Ai s'eu lhe chego a faltar, rica menininha...
(pregão do amendoim ou ervilhana)


Ai pirolito fresquinho...
(pregão da gasosa)


Três figos verdiais, das figueiras dos mais...
(pregão dos figos)


Quem... quiser comprar... carapau... sardinha... a cinco escudos o quarteirão, cachucho e cação a três réis o quilo. Vã a casa do Babau!
(pregão do peixe)


Doces e madurinhas... Quem compra bananas?
Elas são madurinhas e boas, bananas de Lisboa.
(pregão das bananas)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Festas

O camião enfeitado como uma rua durante as Festas do Povo e que desfilou na Parada da SIC em 2006.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Festas do Povo

Festas do povo 2004

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Apanha da azeitona


Em Campo Maior, todas as ocasiões eram aproveitadas para cantar. Na apanha da azeitona, trabalho que ocupava uma grande parte da população, formavam-se grandes «ranchos» que, alegremente, cantavam quadras como estas:

Oliveiras,oliveiras
Ao longe são olivais
Por muito que tu me queiras
Eu inda te quero mais.

Azeitona miudinha
Toda vai para o lagar
Toda a moça que é baixinha
É mais firme no amar.

Oliveira bem cortada
Sempre parece oliveira
A mulher que é bem casada
Sempre parece solteira.

Os amores da azeitona
São como os amores do Entrudo
Em acabando a azeitona
Acaba-se amor e tudo.

domingo, 25 de maio de 2008

Acabamento da azeitona


Na nossa região, o dia em que se terminava a colheita da azeitona, era dia de festa.
As azeitoneiras faziam uma bandeira com fitas de várias cores e dirigiam- se à porta dos patrões, como forma de agradecimento.
Faziam um baile e cantavam cantigas como estas:

Já se acabou a azeitona
Já me dói o coração
Amanhã fico em casa
Não tenho dinheiro p'ró pão

Já se acabou a azeitona
Até p'ró ano que vem
Rapazes e raparigas
Passem todos muito bem

Olhem p'rá nossa bandeira
Tem fitas de papelão
Viva a nossa manajeira
Que é uma rosa em botão

Já se acabou a azeitona
Já se acabou já lá vai
Viva o nosso manajeiro
E o dono dos olivais

terça-feira, 20 de maio de 2008

Flores de papel

Rosas de papel nas festas de 2004

Flores de papel

Papoilas e malmequeres de papel. Festas de 2004.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cantigas de saias

Pelas cantigas de "saias" perpassam os mais variados temas e preocupações: os fenómenos e mistérios da natureza; o sagrado e o profano; o apego e a saudade da terra natal; os sofrimentos e as alegrias; as situações que provocam tristeza e a alegria das festas e romarias; as angústias e as certezas; o cansaço provocado pelo trabalho duro e o orgulho sentido pelo que de útil e de bom se pode obter fazendo-o bem feito; a revolta pelas injustiças e pela má paga que se recebe; as ironias e os gracejos; a raiva e as amizades; o amor e a ternura filial; a religiosidade e as crenças; as dúvidas sobre a vida e sobre a natureza das coisas. enfim, todo um universo mental e social, todo um modo de ser, de sentir e de pensar que foi construindo as bases da cultura em que nos integramos.
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Menina por ser bonita,
Não cuide que mais merece;
Quanto mais linda é a rosa,
Mais depressa desvanece.

Galego, F. P. (2006). Campo Maior. Cantar e Bailar as Saias. Lisboa: Livros Horizonte

domingo, 18 de maio de 2008

Flores de papel

Composição de flores de papel na Praça da República durante as Festas de 2004.

Quadras

Fui lavar ao rio tinto
Cheguei lá sem o sabão
Lavei a roupa com rosas
Ficou-me o cheiro nas mãos.
Não tenho nada para te dar
Neste jardim do meu peito
Dou-te uma flor bem bonita
Que se chama amor-perfeito.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Flores de papel

Elemento decorativo na parede de uma rua de Campo Maior, nas Festas do Povo de 2004.

Quadras

Tanta laranja caida
Tanta laranja no chão
Tanto amor escondido
Dentro do meu coração.
A rua direita é minha
Vou mandá-la arranjar
Com biquinhos de alfinetes
Para o meu amor passar.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Saudade, tenho saudade
Do tempo em que eu não sabia
Que essa palavra saudade
Infelizmente existia

A minha janela

A minha janela por ocasião das festas:«Janelas a S. João» no ano de 2007

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Festas do Povo

Entrada da Mouraria de Cima, 2004.

Saias

(...) as "saias" tiveram sempre como região própria o Alto Alentejo embora possam ter chegado a outras regiões. As "saias" estiveram muito ligadas a um ponto de irradiação que, no século XIX e primeira metade do século XX, se localizava em Elvas, devido à romaria ao Senhor da Piedade, associada à Feira de São Mateus, no mês de Setembro.
A partir de meados do último século, esse centro de irradiação passou a ser Campo Maior, devido às Festas do Povo. Aliás, as "saias", actualmente, só são, habitual e espontaneamente, cantadas e dançadas em Campo Maior.
(...) As "saias" têm como suporte literário quadras populares, ou seja, pequenas composições poéticas para transmissão oral cantada.
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Canto saias, bailo saias,
Até ao romper do dia;
No tempo da minha avó,
Também assim se fazia.
.
Galego, F. P. (2006). Campo Maior. Cantar e Bailar as Saias. Lisboa: Livros Horizonte

terça-feira, 13 de maio de 2008

Festas do Povo

Entrada da Rua Major Talaya, em 2004.

Quadras

Já Elvas se está chorando
De não ter moças formosas
Chegas a Campo Maior
E até as silvas dão rosas
Pus-me a contar as estrelas
Contei duzentas e doze
Com as duas dos teus olhos
São duzentas e catorze.
Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da virgem Maria
Era uma santo escutando
O que outra santa dizia-
Os velhos que ontem viste
De calos nas mãos e pés
São aqueles que já foram
Tão novos como tu és
À entrada da avenida
Deu um ai meu coração
Tudo torna a renascer
Só a mocidade não
Eu fui ao mar às laranjas
Coisa que lá não havia
Vim de lá toda molhada
Com as ondas que o mar fazia
Nas ondas do teu cabelo
Vou-me deitar a nadar
Para fazer ver ao mundo
Que há ondas sem ser no mar
Meu amor se te parece
Que eu não tenho razão
Faz dos teus braços cadeia
Que eu me entrego à prisão
Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da Virgem Maria
Era uma santa escutando
O que outra santa dizia
Há ondas, meu bem à ondas
Há ondas sem ser no mar
Há ondas no teu cabelo
Há ondas no teu olhar
Minha mãe quando morreu
Deixou-me no testamento
O coração que era d,ela
Com seu pobre sofrimento
João o teu lindo nome
Quem foi a tua madrinha
Se não foi Nossa Senhora
Por certo foi a Rainha
Hei-de fazer um jazigo
Do pó da estrada em chovendo
P'ra sepultar meu sentido
Meu amor em te não vendo.
Oh! belo Campo Maior
És comparado com França
O adro de S. João
Tem gradaria com lança.
O meu amor é João
Que lho puseram na pia
O sobrenome eu não sei
Filho da Virgem Maria
S.João para ver as moças
Fez uma fonte de prata
As moças não vão à fonte
S. João todo se mata.
Oh! belo Campo Maior
Bem podias ser colégio
A água da Fonte Nova
Tem fama no Alentejo.
Com as ondas que o mar fazia
Com as ondas que o mar levava
Eu fui ao mar às laranjas
Vim de lá toda molhada