domingo, 25 de maio de 2008

Acabamento da azeitona


Na nossa região, o dia em que se terminava a colheita da azeitona, era dia de festa.
As azeitoneiras faziam uma bandeira com fitas de várias cores e dirigiam- se à porta dos patrões, como forma de agradecimento.
Faziam um baile e cantavam cantigas como estas:

Já se acabou a azeitona
Já me dói o coração
Amanhã fico em casa
Não tenho dinheiro p'ró pão

Já se acabou a azeitona
Até p'ró ano que vem
Rapazes e raparigas
Passem todos muito bem

Olhem p'rá nossa bandeira
Tem fitas de papelão
Viva a nossa manajeira
Que é uma rosa em botão

Já se acabou a azeitona
Já se acabou já lá vai
Viva o nosso manajeiro
E o dono dos olivais

terça-feira, 20 de maio de 2008

Flores de papel

Rosas de papel nas festas de 2004

Flores de papel

Papoilas e malmequeres de papel. Festas de 2004.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cantigas de saias

Pelas cantigas de "saias" perpassam os mais variados temas e preocupações: os fenómenos e mistérios da natureza; o sagrado e o profano; o apego e a saudade da terra natal; os sofrimentos e as alegrias; as situações que provocam tristeza e a alegria das festas e romarias; as angústias e as certezas; o cansaço provocado pelo trabalho duro e o orgulho sentido pelo que de útil e de bom se pode obter fazendo-o bem feito; a revolta pelas injustiças e pela má paga que se recebe; as ironias e os gracejos; a raiva e as amizades; o amor e a ternura filial; a religiosidade e as crenças; as dúvidas sobre a vida e sobre a natureza das coisas. enfim, todo um universo mental e social, todo um modo de ser, de sentir e de pensar que foi construindo as bases da cultura em que nos integramos.
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Menina por ser bonita,
Não cuide que mais merece;
Quanto mais linda é a rosa,
Mais depressa desvanece.

Galego, F. P. (2006). Campo Maior. Cantar e Bailar as Saias. Lisboa: Livros Horizonte

domingo, 18 de maio de 2008

Flores de papel

Composição de flores de papel na Praça da República durante as Festas de 2004.

Quadras

Fui lavar ao rio tinto
Cheguei lá sem o sabão
Lavei a roupa com rosas
Ficou-me o cheiro nas mãos.
Não tenho nada para te dar
Neste jardim do meu peito
Dou-te uma flor bem bonita
Que se chama amor-perfeito.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Flores de papel

Elemento decorativo na parede de uma rua de Campo Maior, nas Festas do Povo de 2004.

Quadras

Tanta laranja caida
Tanta laranja no chão
Tanto amor escondido
Dentro do meu coração.
A rua direita é minha
Vou mandá-la arranjar
Com biquinhos de alfinetes
Para o meu amor passar.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Saudade, tenho saudade
Do tempo em que eu não sabia
Que essa palavra saudade
Infelizmente existia

A minha janela

A minha janela por ocasião das festas:«Janelas a S. João» no ano de 2007

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Festas do Povo

Entrada da Mouraria de Cima, 2004.

Saias

(...) as "saias" tiveram sempre como região própria o Alto Alentejo embora possam ter chegado a outras regiões. As "saias" estiveram muito ligadas a um ponto de irradiação que, no século XIX e primeira metade do século XX, se localizava em Elvas, devido à romaria ao Senhor da Piedade, associada à Feira de São Mateus, no mês de Setembro.
A partir de meados do último século, esse centro de irradiação passou a ser Campo Maior, devido às Festas do Povo. Aliás, as "saias", actualmente, só são, habitual e espontaneamente, cantadas e dançadas em Campo Maior.
(...) As "saias" têm como suporte literário quadras populares, ou seja, pequenas composições poéticas para transmissão oral cantada.
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Canto saias, bailo saias,
Até ao romper do dia;
No tempo da minha avó,
Também assim se fazia.
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Galego, F. P. (2006). Campo Maior. Cantar e Bailar as Saias. Lisboa: Livros Horizonte

terça-feira, 13 de maio de 2008

Festas do Povo

Entrada da Rua Major Talaya, em 2004.

Quadras

Já Elvas se está chorando
De não ter moças formosas
Chegas a Campo Maior
E até as silvas dão rosas
Pus-me a contar as estrelas
Contei duzentas e doze
Com as duas dos teus olhos
São duzentas e catorze.
Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da virgem Maria
Era uma santo escutando
O que outra santa dizia-
Os velhos que ontem viste
De calos nas mãos e pés
São aqueles que já foram
Tão novos como tu és
À entrada da avenida
Deu um ai meu coração
Tudo torna a renascer
Só a mocidade não
Eu fui ao mar às laranjas
Coisa que lá não havia
Vim de lá toda molhada
Com as ondas que o mar fazia
Nas ondas do teu cabelo
Vou-me deitar a nadar
Para fazer ver ao mundo
Que há ondas sem ser no mar
Meu amor se te parece
Que eu não tenho razão
Faz dos teus braços cadeia
Que eu me entrego à prisão
Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da Virgem Maria
Era uma santa escutando
O que outra santa dizia
Há ondas, meu bem à ondas
Há ondas sem ser no mar
Há ondas no teu cabelo
Há ondas no teu olhar
Minha mãe quando morreu
Deixou-me no testamento
O coração que era d,ela
Com seu pobre sofrimento
João o teu lindo nome
Quem foi a tua madrinha
Se não foi Nossa Senhora
Por certo foi a Rainha
Hei-de fazer um jazigo
Do pó da estrada em chovendo
P'ra sepultar meu sentido
Meu amor em te não vendo.
Oh! belo Campo Maior
És comparado com França
O adro de S. João
Tem gradaria com lança.
O meu amor é João
Que lho puseram na pia
O sobrenome eu não sei
Filho da Virgem Maria
S.João para ver as moças
Fez uma fonte de prata
As moças não vão à fonte
S. João todo se mata.
Oh! belo Campo Maior
Bem podias ser colégio
A água da Fonte Nova
Tem fama no Alentejo.
Com as ondas que o mar fazia
Com as ondas que o mar levava
Eu fui ao mar às laranjas
Vim de lá toda molhada